Por Ailton Botelho
Foi com ar de incredulidade que a comunidade LGBT recebeu a notícia da saída do produtor de eventos, Flávio Lima, do Grupo The Week (empresa dona de boates em São Paulo e no Rio, e que também arma festas eletrônicas mundo afora), afinal, ele sempre foi visto como o braço direito de André Almada e Klaus Ebone, donos do Grupo.
Profissional de linha de frente – que atuou fortemente nos bastidores – da casa da Lapa paulistana e da Saúde carioca durante os últimos 13 anos, Flávio tinha entre as suas várias atribuições a espinhosa tarefa de definir o line up das noites dos clubes e das festas, além de cuidar pessoalmente da produção artística de todos os eventos da marca The Week.
Após semanas de boatos sobre a sua saída do Grupo, Flávio Lima quebrou o silêncio em 6 de janeiro anunciando oficialmente – em comunicado postado em seu perfil no Instagram – que havia sido desligado no dia 22 de novembro de 2017:
Entre as surpresas que Flávio se referiu no final do texto, está a nova label “Banana Louca”, divulgada pelo produtor nas redes sociais em março, prometendo experiências visuais e sonoras inesquecíveis.
A gente, claro, aproveitou a oportunidade para conversar com Lima, que concedeu a entrevista exclusiva que você confere abaixo:
No comunicado do desligamento do clube você escreveu que sua visão de negócio mudou e que ela não ia ao encontro dos objetivos da The Week. O que mudou de fato?
As festas que eu quero produzir são diferentes. Minha expectativa é de que o público goste dessa nova proposta, tenho milhões de ideias e uma edição será pouco para mostrar tudo que tenho planejado para essa nova fase.
Como você mesmo escreveu, em muitos momentos sua vida se confundiu com a do clube, como você vê essa sua nova fase sem essa ligação? Acha possível desvincular sua imagem do clube?
Como também escrevi no comunicado, a TW foi uma família para mim, passei a maior parte dos meus últimos anos com eles. Mas, como em toda família, o filho cresce e agora chegou a hora de enfrentar novos desafios. A Banana Louca é um projeto audacioso, inovador, alegre, interativo e revolucionário. Tenho certeza que as pessoas terão ótimas surpresas nas próximas edições da festa!
Gerenciar o line up dos clubes e das festas promovidas pela TW deve ter sido um dos maiores desafios da sua carreira, já que você lidava com artistas e egos inflados. Isso te trouxe muitos dissabores ou inimizades? Pode citar alguma situação mais difícil que viveu nesse sentido?
Quando você se propõe a um trabalho como esse, precisa estar aberto para ouvir, esse é o maior segredo. Todos, e não só os artistas, têm expectativas em sua vida profissional e gostariam de ter destaque no que fazem. Sempre busquei conversar muito com todos, fiz amigos que levarei para a vida toda. Infelizmente, houve momentos em que expectativas não foram atendidas na velocidade desejada. Acredito que, nessas ocasiões, o diálogo aberto, sincero, permitiu contornar desentendimentos. Fico feliz em olhar para traz e saber que só desejei o melhor para todos.
Ao mesmo tempo em que você construiu amizades no decorrer dos últimos 13 anos, seu trabalho também gerou reclamações e você conquistou inimizades pela sua forma rígida de agir em alguns momentos. Você não acha que isso pode te atrapalhar agora promovendo sua própria festa?
O trabalho impõe rigidez, ainda mais quando você está na linha de frente e precisa assegurar que tudo ocorra conforme planejado. Como funcionário, eu cumpria o que era determinado e exigido pela empresa. Embora comprometido, não me vejo como rígido ou inflexível. Tenho certeza que, agora, eu poderei ter a oportunidade de me mostrar mais. Sinto muito e peço desculpas se em algum momento alguém se sentiu prejudicado por alguma atitude minha. Sinceramente, tudo foi com a melhor das intenções.
Porque você decidiu continuar no mercado de festas? Você será um concorrente do clube The Week? Como a casa recebeu essa sua decisão?
Decidi continuar no mercado de festas porque está no meu DNA, é onde eu me realizo profissionalmente. Não serei um concorrente da TW. Como falei, as festas que tenho em mente são diferentes. Tive a oportunidade de viajar por diversos países nos últimos anos, pesquisei sobre novas tendências e estou muito empolgado para colocar tudo em prática do meu jeito!
Você não tem receio de que o público da TW, que é o que você conhece, pode deixar de prestigiar seus eventos para não descontentar seus ex-patrões?
Não! O Andre, o Klaus, a equipe da TW, todos são grandes amigos que torcem por mim, assim como eu torço por eles.
Por que o nome Banana Louca?
Queria contar uma história diferente, desconstruir o previsível. E esse nome já é uma diversão!
Qual o formato da festa? O que você vai trazer de diferente do que já fez nos últimos anos?
Tenho muitos planos, mas posso adiantar que serão dois long sets dos DJs residentes Edson Pride e Edu Quintas. Uma decoração caprichada e assinada pelo Gilberto da Perverts. Efeitos especiais, performances com atores, dancers, acróbatas e muito mais….O restante? Só indo na primeira edição para saber hehe!
O line up completo da “Banana Louca” já foi divulgado? Você pretende investir em atrações internacionais?
Tenho dois residentes confirmados, os Djs e Produtores Edson Pride e Edu Quintas. O DNA da festa será a música. Não serão muitos DJs por evento. E, sim, estou estudando algumas atrações internacionais também.
E o local da festa? Será itinerante? Você pretende viajar com o selo?
Não vou abrir um clube, isso nunca passou pela minha cabeça. A Banana Louca será uma festa itinerante, com liberdade para repetir alguma locação que o público tenha gostado.
Você tem sócios ou está sozinho nessa empreitada?
Não tenho sócios, mas não estou sozinho. A administração será compartilhada de forma horizontal com a equipe. É um projeto 100% colaborativo, onde todos envolvidos têm a liberdade de sugerir ideias. Esse é um dos motivos que me levaram a optar por não ter um sócio.
Tem algum outro novo projeto além da Banana Louca?
Sim, eu abri uma empresa de eventos, a FLima Eventos. Pretendo começar a atender outros tipos de eventos corporativos.
O que o público pode esperar do Flávio Lima em 2018?
Boas festas, boa música, produções inesquecíveis e muita diversão!

Fotos: Reproduções